Redimindo o Código Da Vinci (Parte III)

de Michael Gleghorn

Jesus Casou? (Parte 1)

Indubitavelmente, a evidência textual mais forte de que Jesus se casou vem do Evangelho de Filipe. Então, não é nenhuma surpresa que Leigh Teabing tenha apelado para este texto. A secção deste evangelho citada no seu livro diz o seguinte:

“E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Cristo amava-a mais do que a todos os discípulos e costumava beijá-la com freqüencia na boca. O restante dos discípulos ofendia-se com isso e expressava sua desaprovação. Diziam a ele: ‘Por que tu a amas mais do que a nós todos?’” (233).

Agora, observe que a primeira linha refere-se a Maria como a companheira do Salvador. No romance, Teabing fixa o seu argumento de que Jesus e Maria se casaram afirmando “Como qualquer estudioso do aramaico poderá lhe explicar, a palavra companheira, naquela época, literalmente significava esposa” (233). Isto soa bem convincente. Afinal de contas, Jesus realmente se casou?

Quando estivermos conversando com um amigo não-cristão, lembre-lhe que devemos proceder com cuidado agora. O Evangelho de Filipe foi originalmente escrito em Grego.[27] Portanto, o que o termo “companheira” significou em Aramaico é completamente irrelevante. Mesmo na tradução cóptica descoberta em Nag Hammadi, uma palavra importada (koinonos) é o termo por trás traduzido como “companheiro”. Darrel Bock observa que este “não é termo típico… para ‘esposa’” em Grego.[28] De fato, koinonos é mui freqüentemente usado no Novo Testamento para se referir a um “parceiro”. Lucas usa o termo para descrever Tiago e João como os sócios no negócio de Pedro (Lucas 5:10). Então, contrário à alegação de Teabing, a afirmação de que Maria foi a companheira de Jesus de modo algum prova que ela foi a Sua esposa.

Mas e quanto a afirmação seguinte: “Cristo amava-a … e costumava beijá-la com freqüencia na boca.”?

Primeiro, esta porção do manuscrito está danificada. De fato não sabemos onde Jesus beijou Maria. Tem um buraco no manuscrito naquele lugar. Alguns acreditam que “ela foi beijada na bochecha ou na testa, uma vez que ambos os termos se encaixam na lacuna”.[29] Segundo, mesmo que o texto diga que Cristo beijou Maria na sua boca, isto não significaria necessariamente que alguma conotação sexual estava para acontecer. Muitos peritos concordam que os textos gnósticos contêm muito simbolismo. Para ler tais textos literalmente, portanto, é lê-los mal. Finalmente, independente da intenção do autor, este evangelho não foi escrito até a segunda metade do terceiro século, mais de duzentos anos após a época de Jesus. [30] Então, a referência de Jesus beijando Maria não é, quase com toda certeza, historicamente confiável.

Devemos mostrar aos nossos amigos não-cristãos que o Evangelho de Filipe oferece evidência insuficiente de que Jesus se casou. Mas, o que fazer então se eles se envolverem no posicionamento de que seria estranho Jesus ter ficado solteiro?

Jesus Casou? (Parte 2)

Os dois personagens com maior grau de instrução no Código Da Vinci alegam que um Jesus que não casou é algo bem improvável. Leigh Teabing diz: “Jesus como homem casado, faz muito mais sentido do que nossa versão bíblica de Jesus solteiro” (232). Robert Langdon, professor de Religião da Simbologia de Harvard, concorda:

“Jesus era judeu, e o decoro social daquela época praticamente proibia que um judeu fosse solteiro. De acordo com os costumes judaicos, o celibato era proibido… Se Jesus não fosse casado, pelo menos um dos evangelhos da Bíblia teria mencionado isso e dado alguma explicação para o fato de ele ter ficado solteiro” (232).

É verdade? O que fazer se os nossos amigos não-cristãos quiserem uma resposta a tal alegação?

Em seu excelente livro, Desvendando o Código Da Vinci, Darrell Bock persuasivamente argumenta que um Jesus que nunca casou não é de todo improvável.[31] Claro, é certamente verdade que a maioria dos judeus dos dias de Jesus de fato se casavam. É também verdade que o casamento com freqüência foi visto como uma obrigação humana fundamental, especialmente à luz do mandamento de Deus de “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gen 1:28). Contudo, por volta do primeiro século, exceções a esta regra geral foram reconhecidas, e até mesmo louvadas.

O escritor judeu do primeiro século, Filo de Alexandria, descreveu os essênios como aqueles que “repudiaram o casamento… pois nenhum dos essênios jamais se casavam”. [32] Interessantemente, os essênios não apenas escaparam a condenação por conta dos seus celibatos, mas foram freqüentemente admirados. Filo também escreveu: “Este é agora o sistema de vida invejável destes essênios, a tal ponto que não somente indivíduos em particular, mas até mesmo poderosos reis, admirando os homens, veneram a seita deles, e aumentam… as honras, com as quais lhes confere”.[33] Tais situações claramente revelam que nem todos os judeus dos dias de Jesus consideravam o casamento como obrigação. E, aqueles que procuraram evitar o casamento por razões religiosas, foram freqüentemente admirados, em vez de condenados.

Talvez possa ser útil lembrar a seus amigos que a Bíblia em nenhum lugar condena ficar solteiro. Na verdade, ela louva aqueles que escolhem permanecer solteiros para se devotarem ao trabalho do Senhor (e.g. 1 Cor 7:25-38). Mostre a seu amigo Mateus 19:12, onde Jesus explica que algumas pessoas “renunciaram o casamento, por causa do reino dos céus” (NVI). Observe Sua conclusão: “Aqueles que podem aceitar isto, devem aceitá-lo”. É virtualmente certo que Jesus aceitou o ser solteiro. Ele renunciou ao casamento para se devotar totalmente ao trabalho do seu pai celestial. E mais, uma vez que havia precedentes no primeiro século para que o judeu permanecesse solteiro por motivos religiosos, o solteirismo de Jesus não teria sido condenado. Informe ao seu amigo que, ao contrário das alegações do Código Da Vinci, teria sido completamente aceitável para Jesus não ter se casado.

Os Seguidores Mais Antigos de Jesus Proclamaram Sua Divindade?

Temos considerado a alegação do Código Da Vinci de que Jesus foi casado e achamos tal alegação falha. Roberts observou “que a maioria dos proponentes da tese do casamento de Jesus têm uma agenda. Eles estão tentando extrair de Jesus suas originalidade, e especialmente sua divindade”.[34] Isto é certamente verdadeiro no Código Da Vinci. Não apenas ele põe em cheque a divindade de Jesus, alegando que Ele foi casado, mas este livro também sustenta que Seus primeiros seguidores nunca acreditaram que Ele era divino! De acordo com Teabing, a doutrina da divindade de Cristo originalmente resultou de um voto no Concílio de Nicéia. Ele assevera mais: “até aquele momento da história, Jesus era visto pelos seus discípulos como um mero profeta mortal… um grande e poderoso homem, mas que não passava de um homem” (221). Os primeiros seguidores de Jesus realmente acreditaram que Ele era apenas um homem? Se nossos amigos não-cristãos tiverem dúvidas sobre este ponto, vejamos que esta dúvida é uma grande oportunidade de lhes contar quem Jesus realmente é!

O Concílio de Nicéia se reuniu no ano de 325 d.C. Àquela altura, os seguidores de Jesus já tinham proclamado Sua divindade por quase três séculos. Nossas fontes escritas mais antigas sobre a vida de Jesus se acham no Novo Testamento. Estes documentos do primeiro século afirmam a divindade de Jesus. Por exemplo, em sua carta aos Colossenses, o apóstolo Paulo declara: “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (2:9 ARC; veja também Rom 9:5; Fil 2:5-11; Tito 2:13). E João escreveu: “No princípio era o Verbo… e o Verbo era Deus… o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (1:1, 14).

Há também afirmações da divindade de Jesus nos escritos dos pais da igreja pré-Nicéia. No início do segundo século, Ignácio de Antioquia escreveu sobre “nosso Deus, Jesus Cristo”.[35] Afirmações semelhantes podem ser achadas ao longo destes escritos. Há até mesmo testemunho de não-cristãos do segundo século de que cristãos acreditavam na divindade de Cristo. Plínio, o Jovem, escreveu ao imperador Trajano, em torno de 112 d.C., que a igreja primitiva “tinha o hábito de se encontrar em um dia fixo… quando eles cantavam… um hino a Cristo, como a um deus”.[36]

Se nós humildemente compartilharmos estas informações com os nossos amigos não-cristãos, nós poderemos ajudá-los a ver que cristãos acreditavam na divindade de Cristo muito antes do Concílio de Nicéia. Poderemos até ser capazes de explicar porquê cristãos estavam tão convencidos da Sua divindade, que eles estavam dispostos a morrer a ter que negá-la. Se for assim, nós podemos convidar nossos amigos a crerem em Jesus por eles próprios. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16)

Se você quiser que sua igreja esteja equipada para tirar vantagens de tais oportunidades, dê uma olhada em nossa nova série: Revelando o Código Da Vinci, disponível em www.probe.org

Tradução: Bio Nascimento



[27] Ehrman, Lost Scriptures, 19. [28] Bock, Desvendando O Código Da Vinci, 22. [29] Idem., 21. [30] Idem., 20. [31] Nesta secção, eu tenho fortemente dependido no cápitulo 3 de Bock, Desvendando O Código Da Vinci, pp. 40-49 (cópia de pré-publicação). [32] Philo, Hypothetica, 11.14-17, citado em Bock, Desvendando O Código Da Vinci, 43. [33] Idem., 44. [34] Mark D. Roberts, “Was Jesus Married? A Careful Look at the Real Evidence,” em www.markdroberts.com/htmfiles/resources/jesusmarried.htm, January, 2004. [35] Ignácio de Antioquia, “Ephesians,” 18:2, citado em Jack N. Sparks, ed., The Apostolic Fathers, trans. Robert M. Grant (New York: Thomas Nelson Publishers, 1978), 83. [36] Pliny, Letters, transl. by William Melmoth, rev. by W.M.L. Hutchinson (Cambridge: Harvard Univ. Press, 1935), vol. II, X:96, cited in Habermas, The Historical Jesus, 199.

© Copyright 2006 Probe Ministries

[Todos os direitos reservados. Traduzido do inglês por Bio Nascimento. Reproduzido com a devida autorização. A versão em inglês deste artigo pode ser encontrado no site www.Probe.org.]

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