A Necessidade de Interpretação

de Gordon D. Fee e Douglas Stuart

Com certa freqüência encontramos com alguém que diz com muito fervor: “Você não precisa interpretar a Bíblia; leia-a, apenas, e faça o que ela diz.” Usualmente, semelhante observação reflete o protesto contra o “profissional”, o estudioso, o pastor, o catedrático ou o professor da Escola Dominical que, por meio de “interpretar,” parece estar tirando a Bíblia do homem ou da mulher comum. É sua maneira de dizer que a Bíblia não é um livro obscuro. “Afinal das contas,” argumenta-se, “qualquer pessoa com metade de um cérebro pode lê-la e entendê-la. O problema com um número demasiado de pregadores e professores é que cavam tanto que tendem a enlamear as águas. O que era claro para nós quando a lemos já não é mais tão claro.”

Há muito de verdade em tal protesto. Concordamos que os cristãos devam aprender a ler a Bíblia, crer nela, e obedecê-la. E concordamos especialmente que a Bíblia não precisa ser um livro obscuro, se for corretamente estudada e lida. Na realidade, estamos convictos que o problema individual mais sério que as pessoas têm com a Bíblia não é uma falta de entendimento, mas, sim o fato de que entendem bem demais a maior parte das coisas! O problema de um texto tal como: “Fazei tudo sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14), por exemplo, não é compreendê-lo, mas, sim, obedecê-lo — colocá-lo em prática.

Concordamos, também, que o pregador ou o professor estão por demais inclinados a escavar primeiro, e a olhar depois, e assim encobrir o significado claro do texto, que freqüentemente está na superfície. Seja dito logo de início — e repetido a cada passo, que o alvo da boa interpretação não é a originalidade, não se procura descobrir aquilo que ninguém jamais viu.

A interpretação que visa a originalidade, ou que prospera com ela, usualmente pode ser atribuída ao orgulho (uma tentativa de “ser mais sábio” do que o resto do mundo), ao falso entendimento da espiritualidade (segundo o qual a Bíblia está repleta de verdades profundas que estão esperando para serem escavadas pela pessoa espiritualmente sensível, com um discernimento especial), ou a interesses escusos (a necessidade de apoiar um preconceito teológico, especialmente ao tratar de textos que, segundo parece, vão contra aquele preconceito). As interpretações sem igual usualmente são erradas. Não se quer dizer com isto que o entendimento de um texto não possa freqüentemente parecer sem igual para alguém que o ouve pela primeira vez. O que queremos dizer mesmo é que a originalidade não é o alvo da nossa tarefa.

O alvo da boa interpretação é simples: chegar ao “sentido claro do texto.” E o ingrediente mais importante que a pessoa traz a essa tarefa é o bom-senso aguçado. O teste de uma boa interpretação é se expõe o sentido do texto. A interpretação correta, portanto, traz alívio à mente bem como uma aguilhoada ou cutucada no coração.

Mas, se o significado claro é aquilo sobre o que a interpretação diz respeito, então para que interpretar? Por que não ler, simplesmente? O significado simples não vem pela mera leitura? Em certo sentido, sim. Mas num sentido mais verídico, semelhante argumento é tanto ingênuo quanto irrealista por causa de dois fatores: a natureza do leitor e a natureza da Escritura.

[Nas próximas semanas, Deus permitindo, iremos reproduzir nesta seção mais princípios da interpretação dos senhores Fee e Stuart do seu livro “Entendes o Que Lês?”]

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Reproduzido com a devida autorização.

O livro de Gordon D. Fee e Douglas Stuart do qual este texto foi extraído, “Entendes o que Lês?“, pode ser encomendado daEdições Vida Nova
selecionando a capa do livro ao lado:  


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