O Verdadeiro São João
de Dennis Downing
Eu moro no nordeste. Para muitas pessoas aqui, Junho é o mês de São João. Maria, a mãe do nosso Senhor Jesus Cristo e Isabel eram parentes (Lc 1:36). Segundo a tradição, elas combinaram para que, quando o filho de Isabel nascesse, esta ascenderia uma fogueira para avisar a Maria. Daí surgiu a tradição das fogueiras na véspera de São João. O filho que nasceu a Isabel foi aquele conhecido como João Batista.
Hoje, curiosamente, devido à proximidade do feriado de São João com o de Corpus Christi, muitos resolvem “trocar” o feriado de Corpus Christi pelo de São João. Ou seja, ao invés de separar um dia para comemorar Corpus Christi, uma data designada para lembrar a instituição da eucaristia, comemoram uma data mais festiva, a de São João.
Alguns podem alegar com toda razão que nenhuma das datas consta nas Escrituras e portanto não devem ser nem reconhecidas. Mas, outros respeitam e separam um tempo especial para estes dias. Talvez nem devíamos ligar. Ou talvez poderíamos aproveitar a oportunidade para lembrarmos a nós mesmos e aos nossos próximos que, por trás de feriados e datas e nomes de santos, haviam personagens verídicos, com histórias de grande importância para nós hoje. O que será que o próprio João Batista, o “São João”, teria pensado?
A missão de João foi prevista em profecia (Mt 3:3; Isa 40:3; Mal 3:1) e seu nascimento anunciado por um anjo (Lc 1:13-17). Ele era cheio do Espírito Santo desde antes que nasceu (Lc 1:15). Como adulto, João pregou com poder, sendo ouvido por multidões que se arrependeram e foram batizadas (Mc 1:4-5). O próprio Jesus pediu para ser batizado por João (Mt 3:13) e afirmou que “entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista” (Mt. 11:11).
Apesar de tudo isso, João reconheceu que por maior e mais importante que sua missão fosse, ele seria ultrapassado por Jesus. Ao se comparar pessoalmente a Jesus, ele afirmou “Convém que ele cresça e que eu diminua.”
João falou assim de Jesus:
– “Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias.” Mc 1:7
– Quando Jesus quis ser batizado por João, João respondeu: “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” Mt 3:14
– …viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim.” João 1:29-30
– “Convém que ele cresça e que eu diminua. Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de todos” João 3:30-31
A profecia a respeito de João focalizou a coisa mais importante que ele seria e faria: “Voz do que clama no deserto”. João proclamou a vinda de Jesus. Ele anunciou a missão de Jesus. Ele não gastou seu tempo e energia falando de si ou de sua missão. Ele se concentrou naquele que era mais importante – Jesus. Alguém disse “João foi apenas uma voz, mas ainda podemos ouvir o som daquela voz ecoando pelos corredores dos séculos.”
O que aquela voz anunciou ainda precisa ser anunciado hoje. O mundo precisa ouvir ainda que Jesus é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, que há uma esperança e que a morte não é o fim das nossas vidas.
Nos anos ’50 o famoso evangelista W.E. Sangster descobriu que tinha uma doença incurável, que causava atrofia muscular progressiva. Seus músculos iriam aos poucos atrofiar e ele perderia sua voz. Sangster se entregou ao máximo no seu trabalho de missões domésticas na Inglaterra.
Mas, aos poucos sua voz acabou por completo. Tremendo, ele ainda conseguia segurar uma caneta. Na manhã de seu último domingo de páscoa, poucas semanas antes de falecer, ele escreveu um recado para sua filha.
Na mensagem ele escreveu, “É terrível acordar no domingo de Páscoa sem voz para proclamar “Ele ressuscitou!”. Porém, mais terrível ainda seria ter uma voz e não ter nada para proclamar.”
Ao lembrarmos “São João” nesta época do ano, podemos não ter muita eloqüência ou posição de destaque. Podemos estar apenas num lugar humilde e com poucos recursos. Mas, a maioria de nós temos tudo que João tinha – o conhecimento de quem é Jesus e o que Ele fez por nós – e uma voz para anunciar. Que sejamos fiéis naquilo que o Senhor nos deu e aonde ele nos colocou, vozes proclamando a Jesus Cristo, ainda que no deserto.