Mateus 1:1-17  “A Genealogia de Jesus”

I. INTRODUÇÃO

A.     A Passagem

1.      Português ARA 1 Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. …

 

B.     Observações Preliminares

·        Notamos que Mateus faz referencia logo a Davi e Abraão como parte da linhagem de Jesus. É assim também como a genealogia é divida.

·        Assim como José, o pai de Jesus teve como pai, um homem chamado Jacó.

·        Dos filhos de Jacó, José foi o mais famoso, mas é Judá, o que sugeriu que José fosse vendido que é colocado na genealogia de Jesus (“a Judá e a seus irmãos”, v. 2).

·        Quando vemos opressão e injustiça social hoje, temos um referente na situação histórica em que Jesus nasceu.

·        Nos antepassados de Jesus havia muitas pessoas famosas e de grandeza, mas também muitas pessoas em cujas vidas talvez ninguém imaginou que Deus faria qualquer coisa boa.

 

C.     Perguntas e Dúvidas

1.      Interpretação

a)      Qual o propósito principal em mostrar uma genealogia?

b)      Qual o propósito em começar um Evangelho com uma genealogia? (Lucas só mostra a genealogia no 30 capítulo.)

c)      O “livro” da genealogia de Jesus se refere ao Evangelho todo de Mateus, ou apenas à genealogia em si?

d)      Como podemos entender o fato que parece haver na terceira divisão apenas treze gerações e não quatorze?

 

2.      Aplicação

a)      O que é que esta passagem tem a ver com a base histórica da fé Cristã?

b)      Qual significado devemos colocar na fé de parentes ou familiares?

c)      Qual o significado dos erros que nós mesmos cometemos no passado?

d)      Se alguém estiver estudando com uma pessoa da fé judaica, seria importante poder mostrar a genealogia de Jesus?

 

II. ANÁLISE DA PASSAGEM

A.     Contexto

1.      Contexto Histórico

a)      Usando o análise do próprio Mateus da história que antecipa o nascimento de Jesus, percebemos que Jesus vem como o cumprimento de promessas e profecias, e como o cúmulo da restauração por Deus de Israel.

b)      Jesus nasce numa época de muito tumulto social e descontentamento em Israel, e de grande expectativa de alívio da opressão do governo Romano.

 

2.      Contexto Literário

a)      Mateus vai começar a contar a história de vida de Jesus. Mas, para começar ele volta para o passado distante. Ele acha na história de um povo escolhido por Deus a destra do Senhor e um plano para sua salvação que vai se desenvolver através de séculos de história.

b)      “Em Davi a família ascendeu para o poder real … No cativeiro foi perdido. Em Cristo é restaurado.”[1]

c)      “A genealogia é divida em três grupos: de Abraão até Davi (1:2-6), de Davi ate o cativeiro na Babilônia (1:6-11), e do cativeiro na Babilônia até o nascimento de Jesus (1:11-16). … durante cada uma desses três períodos uma aliança foi dada: Abraão, Davi, e a Nova Aliança {Gen 12:1-3; 2 Sam 7:4-17; Heb 8:8-13}. Assim Mateus envolve provas da linhagem real de Jesus e antecipação do cumprimento de seu papel como messias na Nova Aliança.”[2]

 

3.      Esboço do Contexto Imediato

1. Prólogo: A Origem e o Nascimento de Jesus o Cristo (1:1-2:23)

A. A genealogia de Jesus (1:1-17)

B. O nascimento de Jesus (1:18-25)

C. A Visita dos Magos (2:1-12)

D. A Fuga Para o Egito (2:13-15)

E. A Massacre dos Inocentes (2:16-18)

F. A Volta do Egito (2:19-23)

 

B.     Texto

1.      Variantes Significantes

a)      v. 16 “E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. ” (ARA)

(1) Há algumas versões do latim e do siríaco que contém uma versão mais ou menos assim: “e Jacó gerou José, a quem foi desposada a virgem Maria, gerou Jesus que é chamado o Cristo.”

(2) A diferença principal nestas versões se trata da referencia à virgindade de Maria. A própria Bíblia de Jerusalém faz referencia a isso quando diz, em nota de rodapé “Diversos documentos gregos e latinos disseram de um modo mais preciso: ‘José, com o qual se desposou a Virgem Maria, que gerou a Jesus’.”

(3) A evidencia contra estes variantes que mencionam a virgindade de Maria é forte, tanto da forma interna como externa. A leitura da RA, NVI e outras é a mais bem atestada nos manuscritos gregos. A versão citada na Bíblia de Jerusalém de fato não consta em nenhum manuscrito grego, pelo menos segundo os peritos do texto grego das Sociedades Bíblicas Unidas. É difícil imaginar um escriba substituindo uma leitura que mencionava de forma tão clara a virgindade de Maria por outra que omitisse essa informação.[3]

 

2.      Palavras ou expressões chaves

a)      V. 1 “livro da genealogia de Jesus Cristo…”

(1)“ ‘gênesis’  gr. ‘biblos geneseos Iesou Cristou huiou David ouiou abraam’  ‘o livro da linhagem de Jesus Cristo, filho de Davi, que foi filho de Abraão’ Mt 1.1. Em tempos bíblicos o reconhecimento de uma linhagem foi um tanto complexo em vista de certas distinções entre relações legais e biológicas. O foco das palavra gregas ‘genesis’, ‘oikos’, (‘casa’, ‘família’)e ‘pátria’  (‘tribo’ ‘família’) não é, como nos tempos atuais, uma lista de ancestrais, mas a linhagem de pessoas sucessivamente relacionadas, a quem a pessoa referida é filiada. Alguns peritos entendem, mesmo assim, ‘genesis’ em Mt 1.1 como parte de um título do livro de Mateus e portanto iriam traduzir a frase introdutória como ‘o livro da história de Jesus Cristo”[4]

 

C.     Outras Passagens

1.      Passagens Paralelas

a)      Lucas 3:23-38

 

2.      Passagens Relevantes

a)      Passagens sobre genealogias ou a importância de descendentes: Num. 26:52-56; 33:54; 1 Reis 11:36; 15:4; Esdras 2:62

b)      Alertas contra a preocupação demasiada com genealogias: (1 Tm. 1:4; Tito 3:9)

 

III. INTERPRETAÇÃO

A.     Introdução

1.      “A questão da veracidade histórica de capítulos 1-2 é freqüentemente posta em termos de história e teologia vistas como opostas, como se o que é teológica não pode ser histórico e vice versa. … Mateus tomou as tradições históricas e os colocou de tal maneira a grifar os pontos de importância teológica fundamental.”[5]

2.      “Estudos recentes indicam que apenas raramente genealogias semíticas antigas tentam preservar a linhagem biológica; mas, genealogias servem vários propósitos como: mostrar identidade e dever, para demonstrar credenciais para poder e propriedade, para dar estrutura à história e para indicar caráter. O valor de genealogias no período após o exílio na sociedade Israelita é ilustrada em Esdras 2:62; 8:1 e Neemias 7:5. A omissão de certos nomes numa lista não significa necessariamente um equívoco ou atrapalha seu propósito. A genealogia de Mateus dá estrutura à história Israelita de forma memorável e mostra a linhagem real de Davi levando ao nascimento de Jesus.”[6]

3.      “Compreenderemos esta ‘três vezes quatorze’ genealogia melhor se imaginarmos uma letra ‘N’ maiúscula inclinada, uma N em que as primeiras quatorze gerações subam para cima de Pai Abraão até Rei Davi assim (/), as segundas quatorze gerações despencam para baixo de Rei Salomão até o Exílio na Babilônia (), e finalmente as últimas quatorze gerações movem para cima de novo do exílio para o Cristo (/).”[7] Assim vemos que um dos propósitos em relatar a genealogia de Jesus em três fases foi em mostrar como esta última fase indica a ascensão de uma nova geração, o verdadeiro povo de Deus, encontrando seu ápice na pessoa de Jesus.

4.      Havia insinuações pejorativas, tanto da época do Cristo, como depois, a respeito do parentesco de Jesus. Havia uma disposição de aceitá-lo, desde que ele se comportasse como um ser humano conhecido e comum (Lc 4.22). Mas, quando ele começou a dizer que era o Cristo, logo questionavam, como é que ele podia ser o Cristo se conheciam seus pais e seus irmãos (Mt 13.54-58; Mc 6.2; Lc 4.16-30)? Como João notou, seu próprio povo o rejeitava apesar da sua descendência (João 1:11) ao mesmo tempo que, como vimos nos outros evangelhos, ele foi rejeitado de certa forma por causa da sua descendência. 

5. Como Hendriksen observou “Alguns argüiam: ‘Nós conhecemos a procedência deste homem; no entanto, quando o Cristo vier, ninguém saberá donde ele é’ (Jo 7.27). … Às vezes os seus adversários chegavam a sugerir que sua origem era espúria. Diziam eles: ‘Nós não nascemos de fornicação; temos um pai, que é Deus’ (Jo 8.41), como se dissessem: ‘Nós não nascemos de fornicação como tu nasceste. Com respeito ao nosso pai não existe dúvida justificável, porém quanto a ti o caso é diferente.’ A insinuação sinistra ou indireta às vezes se convertia em insulto franco, deliberado e maligno: ‘Não temos razão em dizer que és samaritano e que tens demônio?’ (Jo 8.48). Essas afirmações hostis, nas quais não só se negava a origem davídica de Jesus, mas também o seu nascimento legítimo, fosse por meio de afirmações diretas ou indiretas, o fato é que elas continuaram entre os judeus.”[8]

6.      “Que os judeus encurtaram as genealogias é visto comparando Esdras 7:1-5 com 1 Crônicas 6:3-15 (Esdras omitiu seu próprio pai!).”[9]

7.      “O número quatorze não é por acaso. Ele corresponde ao número de sumos sacerdotes desde Arão até o estabelecimento do templo de Salomão; o número de sumos sacerdotes desde o estabelecimento do templo até Jadua, o último sumo sacerdote mencionado nas Escrituras. É claro que um significado místico é associado ao número, tanto na tradição dos Saduceus como para os Fariseus.”[10]

 

B.     v.1 Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.

1.      Abraão foi o “pai” da fé, mas, ele e seu filho e neto todos mentiram em momentos importantes.

2.      “A aliança com o povo Judeu foi feito primeiro com Abraão (Gen. 12:1-3; 17:7; 22:18), uma ligação que Paulo viu como básico para o Cristianismo (Gal 3:16). Mais importante, Gênesis 22:18 prometeu que pela descendência de Abraão ‘todas as nações da terra’ (panta ta ethne, LXX) seriam abençoadas; portanto com esta referencia a Abraão, Mateus está preparando seus leitores para as palavras finais deste descendente de Abraão – a comissão de fazer discípulos de ‘todas as nações’ (28:19, panta ta ethne). Jesus o Messias veio em cumprimento das promessas do reino a Davi e das bênçãos aos gentios de Abraão (cf. também Mat. 3:9; 8:11)”[11]

3.      “Na literatura judaica Abraão é retratada às vezes como o ‘pai de muitas nações’ (Gen. 17.5; cf. 44.19; 1 Macc 12.19-21), ou o primeiro prosélito (e.b. b. Hag. 3a); e a promessa a Abraão foi empregada para avançar o propósito de missões judaicas. Quando chegamos ao Cristianismo, encontramos Paulo representando Abraão como o verdadeiro pai de todos que tem fé, judeu e gentio (Rom 4.1-25; Gal 3.6-29). Mateus talvez tenha compartilhado a mesma concepção. (veja 8:11-12; 3:9)”[12]

 

C.     v. 2 Abraão gerou a Isaque; Isaque, a Jacó; Jacó, a Judá e a seus irmãos;

1.      “Não havia três irmãos mais velhos que Judá? É evidente que a inclusão ou a exclusão da linha de descendentes não é determinada pela idade. Tampouco é determinada pelo mérito humano (ver os vv. 8-10). O que então a determina? Tão-somente a soberana graça eletiva de Deus (Rm 9.16).”[13]

2.      “… a árvore genealógica, como se acha registrada por Mateus, começa com um nascimento sobrenatural, ou seja, o de Isaque, e termina com outro, ou seja, o de Cristo.”[14]

 

D.    vv.3-5 3 Judá gerou de Tamar a Perez e a Zera; Perez gerou a Esrom; Esrom, a Arão;  4 Arão gerou a Aminadabe; Aminadabe, a Naassom; Naassom, a Salmom;  5 Salmom gerou de Raabe a Boaz; este, de Rute, gerou a Obede; e Obede, a Jessé;

 

1.      “O elemento comum entre as quatro mulheres é visto no fato que ela representam uma ‘irregularidade’ na linhagem de Davi., uma irregularidade que não somente é superado pelo reconhecimento divino delas como mães de descendentes na linhagem real; precisamente pela irregularidade a ação de Deus e seu Espírito é manifesto.”[15]

2.      “A inclusão destas quatro mulheres na genealogia do Messias, ao em vez de somente os homens (como era costume), … mostra que Mateus está transmitindo algo mais do que simples fatos genealógicos. Tamar seduziu seu sogro num relacionamento incestuoso (Gen. 38). A prostituta Raab salvou os espiões e se juntou aos Israelitas (Jos 2, 5). Rute, Tamar e Raab foram todas estrangeiras, gentias. Bate-Seba teve uma relação de adultério com Davi que assassinou para encobrir. … Mateus vai apresentar Jesus como aquele que vai salvar seu povo ‘de seus pecados’ (1:21), e esse versículo pode ser uma referencia para trás a alguns dos seus progenitores mais conhecidos. … Todas as quatro revelam algo do estranho e inesperado movimento da Providencia na preparação pelo Messias.”[16]

3.      Em Mt 21:31-32, Jesus assevera que as prostitutas e os publicanos entrarão no reino do céu antes dos líderes religiosos, pois aqueles se arrependeram diante da pregação de João Batista. A menção destas duas classes em conjunto dá a entender as profundezas da degradação às quais tanto homens quanto mulheres podiam descer. Mas, embora o pecado nunca seja tratado levianamente, este dito ilustra como o proscrito social não somente acha aceitação para si, como também um lugar de honra no Reino. A genealogia segundo Mateus é testemunha tácita deste fato. Embora se baseie na descendência masculina, contém os nomes de quatro mulheres, todas as quais tinham se envolvido em impureza sexual: Tamar, que teve relação com seu sogro (Mt 1:3; cf. Gn cap. 38); Raabe a meretriz (Mt 1:5; cf. Js 2:1); Rute, a moabita, que não era, portanto, uma judia genuína, e que obteve seu marido por deitar-se junto dele na eira (Mt 1:5; cf. Rt 3:6-18); Batseba, a esposa de Urias, com quem Davi adulterou (Mt 1:6; cf. 2 Sm 2:2-5). Além disto, a própria Maria sofreu suspeita da parte de José de ter tido relacão com outro homem (Mt 1:18 e segs.).[17]

4.      “A maioria das genealogias da época do Antigo Testamento tinham como propósito mostrar que uma linha havia sido preservada e mantida pura da contaminação de gentios. Mas, esta primeira genealogia no Novo Testamento tem o oficio surpreendente de mostrar que a linhagem que levou de Abraão até Jesus, o filho de Davi, foi cruzada vez após vez pelo sangue de gentios. O Rei Davi tinha uma bis-bis-bis-avó Canãita, uma bis-bis-avo Jericoita, e uma Moabita bis-avó, e uma mulher hetita. Mateus quer que a igreja saiba que desde o começo, e não só desde o concílio de Jerusalém (Atos 15), a obra de Deus foi para todos.”[18]

5.      “Sem dúvida, vários nomes foram omitidos: o verbo grego traduzido ‘gerou’ (gennao) não requer o sentido de relacionamento imediato, mas freqüentemente significa algo como ‘foi o antepassado de’ ou ‘foi o progenitor de’ ”.[19]

 

E.     v. 6 “Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi, a Salomão, da que fora mulher de Urias;”

1.      Davi, apesar de ser um dos focos desta genealogia e chamado por Deus “homem segundo o meu coração” (Atos 13:22), cometeu adultério e efetivamente matou para cobrir seu pecado.

2.      “Mateus chama Bate-Seba a ‘mulher de Urias’ deixando a lembrar que de fato ela não foi a mulher de Davi. … Bate-Seba também foi uma bisavó de nosso Senhor.”[20]

 

F.      vv. 7-10 “7 Salomão gerou a Roboão; Roboão, a Abias; Abias, a Asa;  8 Asa gerou a Josafá; Josafá, a Jorão; Jorão, a Uzias;  9 Uzias gerou a Jotão; Jotão, a Acaz; Acaz, a Ezequias;  10 Ezequias gerou a Manassés; Manassés, a Amom; Amom, a Josias;

1.      “Devemos observar que a omissão de nomes na genealogia, por algum motivo ou outro, incluindo brevidade, era uma prática comum. Exemplos incluem Gen. 46:21 (cf. 1 Cr 8.1-4); Josué 7.1, 24; 1 Cr 4.1 (cf. 2.50); 6.7-9 (cf. Esdras 7.3); Esdras 5.1 (cf. Zac 1.1). … Pertinente também é o princípio rabínico “os filhos dos filhos são também filhos” (b. Qidd. 4a).”[21]

2.      Roboão (1:17), um dos filhos de Salomão, dividiu Israel numa guerra civil e acabou destruindo a nação.

3.      Manassés foi outro rei maldoso de Israel. As Escrituras dizem dele que “cometeu abominações, fazendo pior que tudo que fizeram os amorreus antes dele, e também a Judá fez pecar com os ídolos dele” (2 Reis 21:11)

 

G.    vv. 11-1211 Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia.  12 Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel, a Zorobabel;”

1.      “Que o segundo grande ponto na genealogia de Mateus é o cativeiro na Babilônia nos dá uma dica sobre a orientação escatológica do evangelista. … Não é para o leitor entender que o reino que foi inaugurado com Davi e perdido no cativeiro é restaurado com a vinda de Jesus, o Messias de Davi?”[22]

 

H.    vv. 13-15 13 Zorobabel gerou a Abiúde; Abiúde, a Eliaquim; Eliaquim, a Azor;  14 Azor gerou a Sadoque; Sadoque, a Aquim; Aquim, a Eliúde;  15 Eliúde gerou a Eleazar; Eleazar, a Matã; Matã, a Jacó.”

1.      “Em Mat 1:16 Jacó gera José. No AT também, um Jacó gera um José. José, o pai de Jesus é como o famoso José em que ele (1) tem um pai chamado Jacó; (2) desce para o Egito; (3) é dado sonhos sobre o futuro; (4) é puro e justo…”[23]

 

I.       vv. 16-17 “16 E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. 17 De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze; desde Davi até ao exílio na Babilônia, catorze; e desde o exílio na Babilônia até Cristo, catorze.”

1.      “A genealogia desde Abraão até Davi tem quatorze membros, contando Abraão e de Davi até Jeconias também quatorze, mas apenas treze de Jeconias até Jesus. Já que antigamente a contagem incluía os primeiros e últimos elementos de uma serie, provavelmente devemos entender a seqüência assim: de Abraão até Davi, quatorze; de Davi (contado uma segunda vez) até Josias, o último rei livre quatorze; do primeiro rei do cativeiro Jeconias, até Jesus, quatorze.”[24]

2.      “No mundo antigo as letras serviam não somente como blocos para construir palavras, mas também como símbolos de números. Portanto qualquer palavra tinha um valor numérico e este simbolismo é chamado gematria. Em hebraico “Davi” é dawid; e d=4, w=6 (os vogais, um acréscimo posterior não são contados). Portanto, Davi = dwd = 4 + 6 + 4 = 14.”[25]

3.      “Mais uma observação… o nome de Davi é número quatorze na lista. Numa genealogia de 3 x 14 gerações o único nome com valor de quatorze é também colocado no lugar número quatorze.”[26]

 

J.      CONCLUSÃO

1.      Jesus foi chamado de várias coisas: beberrão (Mat 11:19) blasfemador (Mat 26:65) “endemoninhando” (João 8:48). Pessoas evidentemente questionaram seu nascimento, quem era seu pai, e até se ele teria sido concebido de forma ilícita. Se pessoas hoje em dia atacam ou criticam os seguidores de Jesus, podemos lembrar que nosso Senhor foi também cruelmente atacado e criticado. No caso de Jesus, tudo que disseram de crítica contra ele foi equivocado. Em nosso caso, as pessoas podem até ter razão sobre nossos erros ou falhas. Mas, seja o que for, Deus é capaz de superar tudo isso, desde que temos Cristo como nosso parente. Se Deus conseguiu realizar toda sua obra através de gerações de homens e mulheres falhos como os antepassados de Jesus, Ele ainda pode realizar grandes coisas através de todos nós nos dias de hoje.

 

IV. APLICAÇÃO

A.     Esta passagem estabelece a base histórica da nossa fé.

1.      Até hoje pessoas educadas e bem instruídas, como professores de faculdade, dizem: “Jesus nunca existiu. Tudo isso é uma fantasia.” Pessoas inteligentes como cientistas e escritores dizem: “Jesus existiu, mas ele era apenas um fanático religioso.” “Jesus era um homem bom, talvez o melhor que existiu, mas essas história de milagres é invenção.” E assim vai. Mas, os relatos da genealogia de Jesus, fatos históricos que podem ser comprovados por fontes extra-bíblicos mostram que Deus fez sim milagres na história do nascimento do Cristo.

B.     Esta passagem estabelece a base milagrosa da nossa fé.

1.      Jesus é o cumprimento de várias profecias a seu respeito. Estas profecias foram lançadas centenas de anos antes de seu nascimento. Mesmo assim, ele os cumpriu integralmente. Os registros históricos da sua descendência comprovam não somente que havia realmente um homem chamado Jesus de Nazaré, mas, que este homem foi da linhagem de descendentes que cumpriu as promessas divinas a respeito do Messias, o Cristo.

C.     Esta passagem mostra que, tendo pessoas famosas ou bem religiosas na família não é documento para Deus.

1.      Havia membros de destaque e de grande fé na linhagem de Davi. Mas, havia pessoas também que cometeram grandes erros e pecados. Davi mesmo foi uma delas. Não devemos confiar num passado religioso de ninguém. A nossa confiança tem que ser no nosso relacionamento pessoal com Deus hoje e na graça e misericórdia dEle para conosco.

D.    Esta passagem mostra que, apesar dos nossos erros ou dos nossos antepassados, Deus é capaz de usar todos e qualquer situação para realizar sua soberana vontade.

1.      Todos os erros do passado não impediram Jesus de ser Rei. Seus antepassados erraram, pecaram e cometeram atrocidades. Mas, nada disso impediu que Jesus fosse Rei, porque Deus é maior do que nosso passado. Quando nós erramos também precisamos lembrar que Deus é maior do que todos nossos erros. Se procuramos em Jesus a resposta, Ele pode nos libertar das cadeias de todo nosso passado.

 

V. ILUSTRAÇÕES

 “Quem é você?”

De repente um camburão da polícia para no meio da rua. Em frente a sua casa dois policiais descem de pressa. Os dois agarram seu vizinho. “Ladrão! Pegamos você, Tadeu!” Eles começam a arrastar seu vizinho para o camburão.

 

Você corre atrás implorando. O nome de seu vizinho é Joaquim e não Tadeu. Ele é frentista num posto. Nunca machucou ninguém. Nunca roubou nada de ninguém

 

Você tenta explicar tudo para eles. Mas, seu vizinho Joaquim está só de chinelo e bermuda. Sem carteira, ele está sem como comprovar quem ele é. Os policiais jogam seu vizinho, no camburão e saem para a delegacia. Você corre para a casa dele, chama seus pais, e todos começam a procurar desesperadamente a carteira de identidade de Joaquim.

 

Você já precisou usar sua carteira de identidade para salvar sua vida? Já precisou provar quem você é para se livrar da prisão?

 

Recentemente um jovem marceneiro no interior de São Paulo passou trinta dias num presídio com criminosos da pesada. Só por causa de um erro de uma letra no nome dele.

 

O que é que vale uma carteira de identidade? Quanto é que vale você poder provar quem você é? Pode valer uma vida. Pode valer uma vida eterna. Saber quem você é, e de onde você veio, pode ter muito a ver com para onde você vai. Veremos no início do Evangelho de Mateus a “carteira de identidade” de Jesus.

 

* Conclusão

Se você está com sua carteira de identidade, tire-a. Vamos olhar uma coisa nesta carteira.

O que é que diz sua carteira de identidade? Nome, número, etc.  Tem uma parte que diz : “Filiação”

e inclue os nomes de seus pais.

Meus pais eram pessoas simples. Minha mãe, uma secretária de escola pública. Meu pai, agora falecido, um fazendeiro.

Segundo o Evangelho de Mateus, Deus é capaz de fazer um milagre na sua vida. Ele pode mudar sua filiação.

De filho, descendente, parente de gente comum, ele pode tornar você um filho do Rei.

Mas, Deus só pode fazer isso, com você seguindo e obedecendo aquele Rei.

Quer conhecer esse Rei? Venha conhecer melhor a história dele nas páginas do Evangelho.

Ele não pode mudar e não quer mudar seu passado. Mas, ele pode mudar seu futuro. Ele pode mudar seu futuro eterno.

De gente comum, ele pode fazer de qualquer um, um filho do Rei.

 

VI. PREGAÇÃO  Veja Mensagem – Mateus 1:1-17

 

VII. NOTAS DE RODAPÉ (todos os textos citados em outro idioma são da tradução do autor deste estudo)

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[1] W. C. Allen, A Critical and Exegetical commentary on the Gospel according to S. Matthew (ICC), p.2

[2] Wallace, Daniel B., Matthew: Introduction, Argument, and Outline, Biblical Studies Foundation

[3] Metzger, Bruce M. A Textual Commentary on the Greek New Testament, United Bible Society, 1975, pp. 2-7.

[4]Louw, Johannes P. and Nida, Eugene A., Greek-English Lexicon of the New Testament based on Semantic Domains, (New York: United Bible Societies) 1988, 1989, Vol. 1, p. 115.

[5] Hagner, Donald A. Matthew 1-13, Dallas: Word Books, 1993, p.2.

[6] D. S. Huffman, artigo “Genealogy” em Green, Joel G.; McKnight, Scot; Marshall, I. Howard; editors, Dictionary of Jesus and the Gospels, (Downer’s Grove, IL: InterVarsity Press) 1998, c1992, [Online] Available: Logos Library System.

[7] Bruner, F.D. The Christbook. An Historical / Theological Commentary. Matthew 1-12, Waco: Word Books, 1987, p.4

[8] Hendriksen, William Mateus São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, Vol. 1, pp. 160-161.

[9] Morris, Leon. The Gospel According to Matthew, Grand Rapids: Eerdmans, 1992, p. 22, and n. 16.

[10] L. Finkelstein citado em Davies, W.D. The Setting of the Sermon on the Mount, Cambridge: Cambridge University Press, 1964, pp. 303-4

[11] Carson, D.A. ‘Matthew’, em F.E. Gaeblein, ed., The Expositor’s Bible Commentary Online, Grand Rapids: Zondervan, 1984,

[12] Davies, W.D. and Dale C. Allison. A Critical and Exegetical Commentary on The Gospel According to Matthew, (Vol.1 Introduction and Commentary on Matthew I-VII), Edinburgh: T. & T. Clark, 1988., pp. 156-7.

[13] Hendriksen, Idem p. 165.

[14] Hendriksen, Idem  p. 164.

[15] Stendahl, Krister “Quis et Unde?, An Analysis of Matthew 1-2” em Stanton, Graham N. The Interpretation of Matthew, Edinburgh: T & T Clark, 1983, p. 74.

[16] Carson, D.A. Idem

[17] Colin Brown, artigo “mulher” (gyne) em Brown, Colin, O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Edições Vida Nova, 1978, tradução Gordon Chown, Vol. 3, pp. 223-4.

[18] Bruner, Idem., p. 6, 7.

[19] Carson, D.A. Idem,

[20] Bruner, Idem, p. 5.

[21] Davies, Allison, pp. 176-7.

[22] Davies, Allison, p. 180

[23] Davies, Allison, p. 182

[24] Schweizer, Eduard. The Good News According to Matthew, Atlanta: John Knox, 1975, p. 23.

[25] Carson, D.A. ‘Matthew’, note to v.17

[26] Davies, Allison, 163-5.

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