Capítulo Cinco: O Tesouro do Túmulo
de Max Lucado
“Então, o que devo fazer com Jesus”?
Pilatos perguntou primeiro, mas todos nós temos perguntado depois.
É uma pergunta justa. Uma pergunta necessária. O que é que você faz você com um homem assim? Ele se chamou de Deus, mas usou as roupas de um homem. Ele se chamou o Messias, mas nunca comandou um exército. Ele foi considerado como rei, mas sua única coroa foi de espinhos. Pessoas o veneraram como real, contudo seu único manto foi costurado com escárnio.
Não é de se admirar que Pilatos ficou confuso. Como você explica um homem assim?
Uma maneira é por uma caminhada. A caminhada dele. A última caminhada dele. Siga os passos dele. Fique na sombra dele. De Jericó até Jerusalém. Do templo para o jardim. Do jardim até o julgamento. Do palácio de Pilatos até a cruz de Gólgota. Olhe ele caminhando – indignado para o templo, cansado para Getsêmani, atormentado pela Via Dolorosa. E poderosamente para fora do túmulo desocupado.
Testemunhando o caminho dele, reflita sobre o seu, porque todos nós temos nosso próprio caminho para Jerusalém. Nosso próprio caminho pela religião oca. Nossa própria descida pela ladeira estreita da rejeição. E cada um de nós, como Pilatos, temos que lançar um veredicto sobre Jesus.
Pilatos ouviu a voz das pessoas e deixou Jesus para percorrer o caminho só. Será que nós vamos?
Eu espero que plantado permanentemente em sua alma esteja o momento em que o Pai lhe tocou na escuridão e lhe levou pelo caminho da liberdade. É uma memória como nenhuma outra. Porque quando ele liberta você, você está realmente livre.
Posso lhe contar minha história?
Uma aula da Bíblia numa pequena cidade ao leste do Texas. Eu não sei o que era mais notável, que um professor estava tentando ensinar o livro de Romanos para um grupo de meninos de dez anos de idade, ou que eu me lembro do que ele disse.
A sala de aula era de tamanho médio, uma das cerca de doze numa igreja pequena. Minha banca estava toda riscada e com chiclete grudado em baixo. Havia cerca de vinte delas, embora só uns quatro ou cinco estivessem ocupados.
Todos nós sentamos no fundo da sala, querendo parecer sofisticados demais para estar interessados. Calças jeans engomadas. Tênis da moda. Era verão e o sol que descia lentamente pintava a janela de ouro.
O professor era um homem sério. Eu ainda lembro da barriga dele aparecendo em baixo do terno que ele nem faz mais questão de tentar abotoar. A gravata dele acaba a meio caminho. Ele tem um sinal preto na testa, uma voz macia, e um sorriso amável. Embora ele não tenha nada a ver com as crianças de 1965, ele não sabe disso.
As anotações dele estão empilhadas em um pódio debaixo de uma Bíblia preta pesada. Ele está de costas para nós e o terno dele sobe e desce enquanto ele escreve no quadro. Ele fala com paixão genuína. Ele não é um homem dramático, mas esta noite ele está fervoroso.
Só Deus sabe por que eu o ouvi naquela noite. O texto dele era Romanos capítulo seis. O quadro-negro ficou coberto com diagramas e palavras longas. Em algum momento no processo de descrever como Jesus entrou no túmulo e depois saiu, aconteceu. A jóia da graça foi erguida e virada para que eu pudesse vê-la de um ângulo novo… e tirou minha respiração.
Eu não vi um código moral. Eu não vi uma igreja. Eu não vi os dez mandamentos ou demônios infernais. Eu vi meu Pai entrar na minha noite escura, me despertar do meu sono, e suavemente me guiar – não, me carregar para a liberdade.
Eu não disse nada a meu professor. Eu não disse nada a meus amigos. Eu nem sei se falei qualquer coisa a Deus. Eu não sabia o que dizer. Eu não sabia o que fazer. Mas para tudo que eu não sabia, havia um fato do qual eu estava absolutamente seguro: eu queria estar com ele.
Eu falei para meu pai que eu estava pronto para entregar a minha vida a Deus. Ele pensou que eu era muito jovem para tomar esta decisão. Ele perguntou o que eu sabia. Eu lhe falei que Jesus estava no céu e eu queria estar com ele. E para meu pai aquilo era o bastante.
Até hoje eu fico em dúvida se meu amor já foi tão puro quanto naquela hora. Eu tenho saudades da certeza da minha fé principiante. Se você tivesse me falado que Jesus estava no inferno, eu teria concordado em ir. Confissão pública e batismo vieram naturalmente para mim.
Você vê, quando seu Pai vem lhe libertar de escravidão, você não faz perguntas; você obedece instruções. Você segura a mão dele. Você caminha o caminho. Você deixa para trás a escravidão. E você nunca, nunca esquece.
Minha oração é que você nunca esqueça de seu caminho ou do dele: O caminho final de Jesus de Jericó para Jerusalém. Porque foi este caminho que lhe garantiu liberdade.
O passeio final dele pelo templo em Jerusalém. Foi neste caminho que ele denunciou a religião oca.
O passeio final dele para o Monte das Oliveiras. Porque foi ali que ele prometeu voltar e levá-lo para casa.
E o caminho final dele do palácio de Pilatos para a cruz de Gólgota. Pés descalços e ensangüentados se esforçam para subir um estreito caminho pedregoso. Mas igualmente vívida como a dor da viga atrás as suas costas dilaceradas, é a visão que ele tem de você e ele caminhando juntos.
Ele podia ver a hora em que ele entraria em sua vida, em seu quarto escuro lhe despertando do seu sono para lhe guiar à liberdade.
Mas o caminho não terminou. A viagem não está completa. Há mais um caminho que deve ser trilhado.
“Eu voltarei,” ele prometeu. E para provar isso ele rasgou em dois o véu do templo e estourou os portões da morte. Ele voltará.
“Aquele que nos resgatou voltou!” nós vamos clamar.
E a viagem terminará e nós tomaremos nossos lugares no banquete dele. . . para sempre. Te vejo à mesa.
Veja também de Max Lucado: “O Julgamento de Jesus” e “No Jardim”.
Este artigo foi traduzido por Dennis Downing e reproduzido com a devida autorização do autor para o site www.hermeneutica.com.
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